terça-feira, 26 de julho de 2011



Romance

Quis fazê-lo assim
sem dó de assassinar
minha brutalidade
enfrente ao ato constante
de não saber amar

Quis fazê-lo assim
sem inspiração
tanto que tornou-se comédia
logo depois do surto
forte impulso que cortei
de supetão

Quis mantê-lo enfim
trancado no peito
antes que o breve suspeito
chegue e me arraste
Na ala dos perdidos
nesse carnaval antigo
confetes declaram o antigo amigo
em grave tom, engravidou

Quis mantê-lo assim, criança
sem amadurecer um afago
sem dar esperança
Porque romance é assim,
inexistente, quando se vê
de repente, sem um par

Quis tanto te ter
só pra ter um romance
Mas sabe-se, que quem tanto quer
acaba conseguindo
Espero que seja,
assim,
inesperado e gradual
um romântico boêmio e carnal
que me traga flores de plástico
para fazer do romance
um lance perpetual.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Particular

Eu falo azul
você sangra vermelho
Peço um segredo impuro
e você me presenteia com um espelho

Achando que eu só penso em estar só
entendendo só ao seu modo o diálogo de nós dois
Sendo que torna-se monólogo, logo depois
que você conta com orgulho, todos os mergulhos
Naquela praia, que nem nadei

Naqueles momentos em que pensei
que você me entenderia
e acalmaria

Mas não, surtou
num momento em que achei que você era professor
Me chamando de criança, criando caso
E eu abafando o som do meu choro
que antes fosse de alegria
Era agora de paixão

Em uma relação que nem existiu
num beijo dado que nunca fluiu
Naquela porta aberta que eu deixei
pra você me ver deitada

E me viu
com sono, te esperando
e quase clamando por sossego
Mas antes que pudesse me dar um beijo
e me fazer sentir estranha
Você pegou suas trouxas
e me deixou assim, feito trouxa
ao ir pro alto de sua montanha.

domingo, 10 de julho de 2011

Não há nenhum coelho tipo Rider

Meninas beijando meninas, tão quentes para causar um choque. Ela disse que você deve ser um artista, murmurou uma respostaEu estava a julgar seu amigo, como o DJ tocou uma Jam Def. Ninguém quer dançar, eles estão lá fora fumando cigarros. Mateus estava lá, sim, ele deu-me aquele olhar, disse que não mata para tentar e não há luzes azuis ao redor.

- Eva, me desculpe, mas você nunca vai me ter. para mim você é apenas uma garota  bicha e eu preciso de um amante com o poder da alma, e você não tem nenhum poder da alma.

Ela me levou para fora, para a igreja, com o balanço santo. Lá eu era o seu confessor, La Vir-On me fez corar. Foi sua paixão. Que vale uma noite - até que eu gritei:
- Hei! PARE.

Você deve estar ciente que não estou sozinho. Eu tenho uma tigresa de volta em casa, e além disso, você não saberia o que fazer comigo.

E sob as luzes azuis 
estamos todos a fofocar.. 

sábado, 9 de julho de 2011




Inspira, respira

Não te ter me inspira
a viver mais um pouquinho
o desprazer de esperar
o ponteiro descontrolado que insiste em girar
afogando minhas máguas em segundos

Antes que terceiros venham falar
sobre onde e com quem ele está
eu me adianto, no relógio insuportável que é meu coração
Me fazendo parar, quanto te vejo
quando não te tenho

Quando a lua arde no céu
me fazendo olhar pro lado e rir
Da ausência incrédula que me faz
do riso que eu não lembro, mas ainda sim me satisfaz
e crente que isso um dia vai vingar

Crente que como o sol que brilha quente
vai apagar
Então, isso significa, descrente da verdade

Arde lá, sem me marcar aqui, na pele
pois a epiderme precisa de um ar
Um que sufoque menos que esse
algum que me dê interesse
de querer estar feliz e ainda assim
conseguir me inspirar.

Respire, te tire
desse ar
que inspira
perto de mim.

Nasce

Nasce hoje alguém
mais bendito do que Jesus Cristo
Ao mesmo tempo mais maldito
do que o fulano do andar de baixo

Nasce a arte
de criar um ser pra esconder
o desdém da máscara que protege
e aquece cada vintém
de amor que eu adquiri

E logo por aqui pude matar
aquele que um dia eu vi chegar
a terra
e chorar com um som, que antes fosse
algo como uma treva, fizesse ninar

E fez, o fez bem
ninou pra sempre
e desmente o ser que revela enterrar
aqui jazz
aqui rock
aqui um blues incerto
que por linhas tortas mandei-te cantar.

terça-feira, 5 de julho de 2011



Meu bandido diário

Num papelzinho simples
de memórias complicadas
Relato sem detalhes meus deleites

Tão doce quanto algodão doce
Tão bom quando doce de leite
Que quanto aos enfeites que criei

Tanto daqueles que hoje nem sei
em que pé estão
Ou em qual coração
apenas guardei

Depois de novembro acalma o que tanto me retalha a alma
Nas cores de um tom cinema, pedindo por legenda
Na anotação da agenda utópica da minha mente
o que hoje desmente todos os finais felizes

Das péssimas atrizes
Nas minhas linhas de segredo, eu menti...

Num papelzinho simples
de memórias complicadas
Relato sem detalhes meus deleites
Tão doce quanto algodão doce...