terça-feira, 23 de julho de 2013

Enrolado

eu tiro as luvas pra descrever
eu sinto o gelo invadir o mar
titanic
acredite, é muito em tão pouco tempo
é nós querendo viver do outro como contento
sob o primeiro dia de lua cheia
fugidas do convento
2 anos de amy
22 anos de mim mesma
e quase nada tenho de ti
a não ser tudo
o que eu posso te dar

você vai me entender
quando tudo acontecer
quando ficar difícil acordar e estar solo
na cama
ou na fama
vai doer um tanto

eu me tornei sua amiga
e serei

às vezes contigo
mas sempre serei só isso

até alguma coisa acontecer
até você estar mais perto
e se der certo, vai dar certo

acontece que por hora, meu bem,
somos erradas

errantes do mesmo acerto que me torna inconstante
como você me deixa
tonta, desnorteada, em constante mutação de sensações
somos duas em um
tudo em resumo
e nada ao mesmo instante.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Eu juro

eu mudo teu mundo
te deixo cega de amor
e fico mudo
quando o grito falar mais alto
eu baixo a bola
eu juro

contando meus vinténs
pulando muros
as barreiras são nada
quando no escuro
vejo a luz do trem
pra Buenos ou Belém
eu juro

e se demorar, sedex 10
e se for amor, outros 500
e se for bodas, 25
e se for nós, infinito
eu juro

terça-feira, 2 de julho de 2013

Venha, virgo

venha, virgo
desvirginar nossa essência
sem piadas clichês
sobre imens
sobre homens chatos
sobre o que passa na tevê

venha, virgo
entre bosques e buscas
praias entre nós
nos guiam
no seu futuro fusca
jura?

venha, virgo
mesmo que não venha
verá o sol de verão
mesmo que aqui esteja frio
lembrarás
daquele velho leão

venha, virgo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Esquina

A paixão foi ver se eu tava na esquina
não achou
Encontrou outro alguém para minha surpresa
se casou
Foi um tal de Zé Ninguém 
se vingou
Agora sinto saudade de apaixonar
já passou

Quem?

Quem mexeu no meu queijo?
Quem me tirou do eixo?
Quem me achou sem achar?
E quer se perder ao me encontrar?
Quem pagará as milhas?
Quem apagará a chama?
Quem vai fazer a cama?
Quem mexeu comigo sem engano?
Quem vai preparar o nosso banho?

domingo, 30 de junho de 2013

Tamires

Tamires, origem hebraica
Palmeira
Paula, do latim
Pequenina, delicada
E é
E como é
delicada em sua força
raízes plantou
em pensamentos
brotou
Rua das Palmeiras em Joinville
despertam raios solares em espírito
Santo, seria em casar-me
com o caso
ou o grande acaso da
Pequenina, delicada
que diz tanto
sobre distância
e nada diz ao mesmo tempo
Tamires..

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Lata-vira

o cão ladra
pegadas em gatas
apegadas na lata
virando noites
virando às latas
aquecendo-as
vira-lata que pixa paixões
late em cima do muro
latente
na calada em silêncio
atraente
miados atrái
enquanto se distrái
a gata passou
e com a lata deixou
uma marca no poste
pixou uma paixão
pelo mascote:
cachorro da sorte

domingo, 23 de junho de 2013

Inverno

Eu vejo o frio no espelho, ele me conduz a uma lágrima sólida, sem líquidos. Eu tive que lidar com muitos conflitos e sem achar problema eu encarei, achei lindo o modo de te perder assim, pois pude aprender. Aprendi a ser mais humana, mais amor, mais do que nós fomos um dia. Teu último ano de verão foi bem devorado, o nosso inverno sofrido mas ainda assim consagrado. Eu via glória em te sustentar e via o retorno trazer-me o transtorno de nunca te deixar. E assim aconteceu  em verso, o reverso me dominou me de deixou inversa a todos os segundos que corriam. Tudo agora flutuava. O frio me congelada menos que o calor, que me lembrava as ondas que nos devoravam na Praia Mole. Se a vida não fosse tão dura, se nosso frio fosse menos saudoso você teria ficado.

Eu não entendo de reflexo humano, eu não entendo de partida.
Eu não entendo de estações, estou aprendendo sobre sensações.
Eu não entendo de morte e ela também nunca entendera sobre vida.

sábado, 15 de junho de 2013

Rosa choque

o ar fala quando vai chover
mas realmente
nessa cidade
só falta o céu escorrer

aquarela de lágrima
deságua toda a mágua
e pinta nosso jardim
em pétalas de bem me quer
com balas de festim

atiras, enfim
todo o trovão que nos acerta
em cheio
no vazio que em mim
preenche com cores
todas as minhas dores
em forma de flor
rosa choque
se toque e me brote
com amores

Plano

se sentes que nada no mundo te abala
se o tiro te veste com bala
o vestido se investe na mala
se a mira te vira de ponta cabeça
e tudo se encaixa antes que eu me esqueça, de novo

corri como sangue nas veias
andei a cidade inteira
parei em bares pé sujo
mas ví outro mundo
quando te vi na esquina

procurei no meu bolso
algum plano B
não encontrei nem chiclete
nem um poema clichê
oras bolas
estouro em notas
que explodiu em você

então perdi as contas
das coisas que não contei à ninguém
mas lembro o fundamento
de guardar algum segredo
como alguém guarda um refém

é só meu plano A perdendo o ar da graça
de ser assim tão bem guardado
que mesmo te vendo ali parado
não chegou até a praça

ah, mas eu hei de te contar algum dia
meu tom vai te encontrar
como o sol procura o dia

ah, mas eu hei de te levar ainda
meu plano é só meu
mas será nosso
como manda a fantasia





terça-feira, 11 de junho de 2013

Sanatório Aguiar

ela insistiu em não ir
mas não colou
tentou fugir de si
e não se achou

cada vez mais encontrou
um ser herói
ele a salvou do tédio
que a corrói

sua mãe diz que endoidou
e talvez sim
mas quem é são nesse mundo
alem de mim?

ela insistiu em seguir
um atalho pr'o o além
foi bem mais alto que o céu
voar lhe convém

cada vez menos entendeu
o que é ser normal
já que sua quarta de cinzas
é tão carnaval

ahhhh..... loucura que não tem cura aaahh......



Reflexo de culpa

No teu olho
o reflexo do céu
Na tua face
o reflexo do véu
Na tua língua
o reflexo do mel
No teu juízo
o reflexo do réu

Protesto

a gente sente que precisa dar um tempo
de sempre contar o tempo
que não me deixa parar

a gente tenta fazer tudo diferente
como se fosse urgente
mudar tudo de lugar

são as pessoas que conduzem o ponteiro
e condizem com o porteiro para não deixar subir
na cobertura, da fortuna e da amargura
onde vejo aqui de cima todo povo imergir

é engraçado como eu não vejo graça
ser assim só por desgraça do destino te bater
e te jogar pela janela da memória
que viver só é historia, e esse livro eu já lí

eu vou lutar por todas as almas boas
que recebem a coroa da verdade ao nascer
e tem estampa de estrelas em todo o rosto
e não nos dá o desgosto de brilhar só por cachê

tem que fazer a diferença e ter crença
de que crer só em um Deus é perder toda magia
de ampliar toda a nossa fantasia
de um mundo bem acima que o planeta pode ver


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Desequilibra

meu bem, que sorte a nossa
de poder dividir
nosso tempo e espaço
com alguém que sabe se divertir

com as palavras, com o amor
que não tem medo de estar nas nuvens
pela queda que causa a dor
que nada, que papo mais furado
o salto é bem mais alto do que se pode temer

do chão não passa, mas veja bem
passe lá em casa no domingo que vem
pra ver que o chão é só um cenário
o buraco é bem mais em baixo
o inferno é aqui e o altar é lá no alto
nosso infinito é aqui e agora

eu posso dizer só sim
por não gostar do não
mas sem querer me contradizer
sem você não dá pra ser

já prevejo risadas exageradas
e viagens astrais
na balança de libra eu me desequilibrio
e olha que eu nem trouxe meu colirio
pra disfarçar nossas horas a fio
fazendo musica, abrindo a mente
e fechando o fino


Dança comigo

nesse passo de valsa
eu te embalo com minha mente
que sagaz e atenta
aos teus movimentos
se sustenta

minha sala de estar
está te chamando pra dançar
a vitrola mandou dizer
que sem você
não vai dar

nem bolero, nem tchatchatcha
tá dificil de aguentar
mesmo que eu seja tão ímpar
nessa casa tão vazia
nunca desejei tanto ser um par

um mais um é nós
nós sem laço é furada
sem enrolar mais os minutos
nessa dança tão enrolada
que é dançar sozinha
esperando no salão da vida
ser embalada

Feeling

como tudo nessa vida tem a sua graça
de nos dar presentes nos momentos ausentes
de preocupação e teimosia
a vida me deu você

era só mais uma tarde domingo ensolarada
com gente na grama, tim maia sob o céu
e carrinho de pipoca na calçada

te fiz abrir a roda, abriu a lata de soda
misturou a vodka e meu coração se abriu
e de repente, como tudo vai em frente
fui ao lado do compasso para não sair do tom

vem pra ver que dá certo
e que o errado também pode ser divertido
dizer sim é tão melhor
quando se está dividindo
uma canção, um pedaço de pão
um copo de vinho ou um terço do coração

e foi assim que tudo começou
sem intenções de terminar
mal nosso caminho se cruzou
e anunciou um desvio de conduta
onde a matéria é alma
e a força é bruta

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sumida

Por não ver-te
sei de quase nada
à merce do não saber
me afundo
num profundo
mar de dúvidas
Crio cenários
em outros planetas
outros aquários
Nado
em quase nada
que sobrou
de notícia
Seria bem-vinda
se viesse
e me contasse
por onde corres
por onde andas
querida?

Ligação

A ligação contida
na ponta da língua
ação!
Retida
chamada perdida
entre bosques e ruas sem saída
ou no topo do morro
que abriga
madames e música
Doce cantiga
que canta ao telefone
arrependida
Volta pra casa,
vida

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O mundo girou

Eu já sei meu bem o que vou fazer, 
já juntei minhas malas e nem quero trazer
todo aquele blablablá ou então o ieieiê

Já vesti todas as tuas fantasias, 
quero ser mais eu do que você mesmo seria
já não posso mais ficar aqui parada, 

se eu tenho minha voz, meu salto e a guitarra
se os solos são só meus e ser sua é cilada
se meu mundo já girou e só você não percebeu
fiquei tonta, quase louca mas agora amanheceu

o show já terminou
o palco já fluiu
a noite anunciou
mais um drink me serviu

eu vou sair daqui
a estrada já gritou
se eu não for com ela
não sei para onde eu vou

e sou tudo aquilo que eu não te disse
sou alma tão liberta, me prender foi burrice
eu sou um band líder e voar é meu trabalho
se eu não atravesso mar à nado vou correndo pelo asfalto

e sou tudo aquilo que eu não te disse
sou alma tão liberta, me prender foi burrice
eu sou um furacão, detonadora de lares
meu futuro é incerto e eu moro em certos bares

domingo, 2 de junho de 2013

Rolam boatos

rolam boatos
boatos rolam
desenrolam os fatos
e a cada ato
os gatos se soltam
rolam boatos
feito laranja na feira
anunciam cada passo
de um hiato perfeito
lado a lado
em cada passo
formando uma
passagem corriqueira
eu me embolo no diálogo
e caso o acaso não queira
desenrolar o fato
de atuar diante o ato
que rolam boatos
feito laranja na feira

Estirado

seria tua
a tortura
de silenciar?

seria nossa
a loucura
de viver
mais uma dor?

seria minha
fadiga
antiga de dizer sim?

seria céu
se morrer de novo
uma flor
ou mais um corpo
estirado
no jardim

É

é você que trás o sol
eu que bronzeei
é você que tarda a chegada
eu que esperei
é você que mente pelo bem
eu que acreditei
é você que não aparece
eu que te achei
é você que não revela
eu que perdoei
é você que foi embora
eu não superei

Mercê de você

tensão pré você
eu sei amor
que meus tendões
são tão fracos
perto da ansiedade
que me trazes

e não só isso
meus dentes se encontram
numa dança sem fim
bailam raivosos
curiosos
pra te ver sorrir

meu pé descontrolado
vai pra cima
vai pra baixo
mais um cigarro
eu acho

já perdi tantos amores
e com eles, perdi meu sono
no encontro com o ponteiro
marco hora
sem demora
com meu sonho

de conseguir relaxar
fazer torradas
tomar meu chá
sem ficar pensando
que só penso em você

no nosso caso sério
que sem mistério
me deixou à mercê

Resposta para Visita

eu já arrumei todo o ambiente
e acredite, impaciente
eu fiquei a te esperar

ouvi o barulho do portão
quase saltou o coração
vou contida te abraçar

comprei um vinho e a gaita
já está tão preparada
para você assoprar

apagar todas as velas
que eu rezei minhas mazelas
pra você simpatizar

mas não adianta  simpatia
nosso encanto é fantasia
vestindo o carnaval

eu danço blues no pensamento
esperando o teu contento
de bem me querer nunca mal

eu já troquei os meus lençóis
pus um retrato de nós dois
no meu criado mudo
e se você então falar
que nessa noite vai ficar
eu crio o nosso mundo

em outra esfera, outro planeta
pode ter toda certeza
de que será sim
uma viagem tão astral
que dentro do meu racional
nunca mais vai ter fim





sábado, 1 de junho de 2013

Futuro passado

uva passa
roupa passa
tudo passa
ate eu já me passei

passando por cada passado
eu percebo
que por mais passarei

a coisa é o próximo passo
e me dá um passe
que e vou

e quando eu chegar
nao fique passado
pois o futuro
agora passará
pelo processo de nos dois

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tiete, assumida e contida.

está suave
como deve ser
numa batida 3 por 4
formando um compasso
presente mesmo quanto não se vê
hoje ou então quem sabe mês que vem
já colei cartaz
na minha cara que me entrega
fico zen
noção de como sou brega
mas sincera ao cantar
que microfones não vão te dizer
pra não ficar tão na cara
pra eu ser mais rara
no quesito de te encher de confetes
e saiba
que mesmo sabendo
que eu sei que tu sabe
que eu sou assumida porém contida
confesso:
sou sim sua tiete

domingo, 26 de maio de 2013

Brumas

o tempo é um disfarce
que me deixou à merce dos diálogos
das emoções que gritavam até o quarto
do teu corpo na cama
intacto
do nosso beijo sem química
recompensas em poemas
tu era o melhor
ainda é
e ainda me fazes chorar rindo
chorrir
florir tua imagem é secar
a chuva que cái dos olhos
afogar
mar de saudade
invade até às 3 da manhã
pra mais
pra vida inteira será
só saudade
ela irá
e voltará
pra vida inteira

Vito

a depressão cívica?
humanitária
de não acreditar
claro porra
sou artista
é foda mas é que é...
selvagens tal
não é depre isso
é cansaço
nao aceito o mundo
mas coexisto
elegantemente até

Bem me quer

mal me conheces
e bem já me queres
no despedaçar as pétalas
o ponteiro se desfaz
e ainda não me tens
porque eu sou difícil
e tu também
e se na dificuldade compartilhada
fossemos fáceis?
só pelo prazer de ser
por um instante nós
e depois a sós
lembraríamos da cama
e mesmo na fama
estaríamos longe
e perto
do bem que se quer
querer mais
ligeiro e esperto
seria você ao vir
bem que te quero
mal nunca te quis

Gente que gosta de gente

eu gosto de gente que gosta de gente
o gosto de gastar a vida só
é tão sem sal que me desgosto de repente
se não há uma só alma
se só há um caminho estreito para ir em frente
fica tudo nublado
até mesmo quando tem sol
a luz já não é mais quente
a sombra se tornou amiga
da minha solidão que se abriga
ao ver-te em tantas vertentes
da minha complicada vida
que insiste na ideia
de gostar de gente que gosta de gente

Depois

eu me visto às pressas
pensando na noite a devorar
meus segundos
anoitecendo sem pensar
no presságio do final
no gosto de álcool
o auge
o lógico
o tóxico
e o dia me cabe como luvas
sorrio enquanto há tempo
e ainda há?

sábado, 25 de maio de 2013

Leônidas

um leão reconhece o outro
não pelo cheiro
e sim pela juba
um felino sabe qual o jeito
de entreter e atacar
mesmo estando longe
sabe da sua jura
de devorar até o fim
de sangrar mesmo que atinja
com balas de festim
de festar com o coração
orando por um poder acima
de outros que virão
dizer que não há só um líder
e fazer com que o leo fique
para provar o contrário
e mesmo que ainda seja divino
o poder de controle
remoto e sem freio eu me sinto bem
pois não é necessário um diário
pra descrever que tu me tens
em mãos
em nota
em ritmo
em sinos
que tocam anunciando um momento notório
dizendo que sim:
eu aceito o casório

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Suponho

se na loucura desse mundo ser são é tão humano
que tipo de animal eu seria?
se desbravando os sete cantos
e chegando a aresta nenhuma
pra onde eu me esquivaria?
se de tanto o medo me tomar conta
eu tomasse mais vergonha só pra me avermelhar?
e se sem ser só
ainda assim sentisse sozinha?
pois suponho que diversão se cria
e verdade se doa
companhia se fortifica
e maldade vive à toa
mas se a noite invade e ainda assim
com luz eu brilharia?
significa que a áurea carrega em si na memória
de seu corpo e história
um tesouro escondido

terça-feira, 21 de maio de 2013

Ansiedade



ansiar é tornar o desejo em evidência
idade é o tempo que nos escorreu entre os dedos como areia
ansiedade é esperar que a idade passe nada sorrateira, como um furação
uma explosão de notícias, fatos, afagos perdidos e jornais sensacionalistas
estampo em meu próprio corpo os efeitos colaterais
ah, ansiedade...
é tensionar os dedos com aflição
e fumar 3 maços sem que lhe perceba o quando gastou
e ainda assim comprará bem mais
é glicose na veia
é um tique nervoso
é perder os nervos
é ficar furioso e sentir o bater do ponteiro mais lento
mesmo voando, como sempre, ligeiro
inventando o que me gera contento, displicente na conduta de simplesmente ser
humano, um lixo, um ano de crediário em qualquer lugar ridiculo
eu vou pagando, vou me virando, inventando qualquer plano
só pra sair do lugar
ansiar a idade é se deliciar na aquarela
que basta um toque de saliva pra escorrer e virar mar
que não basta uma vida inteira ansiando a saudade
se a ansiedade por si só já é saudar

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Vá mas volte

chega, pode entrar, fica a vontade
minha mente está aberta
meu psicho em alerta
pra inventar qualquer verdade

dance, grite, chore
pois a vida é toda nossa
e a vergonha de ser livre
é tão sublime como uma fratura exposta

muita gente ainda vai passar por aqui
e esse coração parece até rodoviária
cheio de atrasos e acasos
anúncios bregas e perda de memória


voe, viva,  vá mas volte
e quem sabe eu tenho a sorte de voar também
já que tá claro, e mesmo no asfalto, eu danço é no escuro
vou pousar em qualquer braço, que me envolva num abraço
sendo meu porto seguro

Acaso

nessa confusão de quem vai e quem fica
nessa fusão de fera feroz ou ferida
meu coração sente o outono entre as batidas
e quase que em silencio pede por calma
menos frio na espinha e mais calor na alma
ah se eu tivesse um aquecedor..

daqueles que descongela os acostumados
a serem tão antipáticos e banais
fingindo ser alguem que nao finge
que no fundo são todos iguais
ah se eu tivesse um apanhador..

de sonhos, ritmos e cores
eu juntaria todas os tons em uma sala de estar
serviria um drink à alegria
e brindaria ao acaso de pre destinar.


sábado, 13 de abril de 2013

Se

Se tem solução, solucione
Se tem sossego, sacode
Se tem som, seja
Se tem ser, silencia
Se tem silêncio, faça som
Se tem sol, seja sombra
Se já sanou, saboreie
Se tá sem sal, salsa
Se deu sede, soda
Se sacode, samba
Se tem que sarar, santo
Se sentou, sensato
Se sentiu, tira o sapato
Se socou, que saco!
Se for sortido, será seu
Se tocou o sino, socorre
Se ainda é se
é que ainda é só a sorte


 

Gigante

Me acho tão pequena diante desse mundo, 
me acho tão grande quando viajo na mente,
me acho tão descrente por correr cada segundo,
me acho tão et quando percebo que sou gente

Me acho nessas ruas querendo te encontrar
e mesmo sem saída vou saindo devagar
Me acho tão perdida quando quero ser só tua
Te acho no meu mapa astral, procurando na bussula

Percebo que achar na real é um grande tédio
Que tal eu ter certeza desse nosso caso sério?
Eu já cansei de rima, coisa que não é normal
Que tal deixar de ser só pra ser só mais um casal?


quinta-feira, 28 de março de 2013

Eu

Quando eu realmente for eu, serei tudo o que eu quiser. Política, militante, vagabunda e dançarina. Com ar de boêmia, em bares, buscando novos lares e dispensando amores em esquinas. Sentirei saudade e mais, sentirei conforto em só ser. Cantora, mentora, atriz e à toa. Serei eu e nós ao mesmo tempo, serei o mundo, serei um Deus no templo, serei imcompleta e serei eterno contento. Marinheira, melindrosa, maconheira. Serei sereia. Quando eu realmente for eu, serei tudo o que me der na telha. Serei amante, serei a única e serei a primeira. Vou me descobrir, descobrir minha cara metade e minha mente inteira. Quando eu realmente for eu, serei eternamente eu mesma. Em outros planos, em outras fases, em outras areias. Revolucionária, adorávelmente literária, serei bispo e bibliotecária. Vendedora e verdadeira. Serei tudo e nada no momento que eu queira. Quando eu realmente for eu, serei de todos os jeitos e serei eu mesma em  todas as minhas maneiras.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Minha cara

esse barato da cara idade
me fez não querer mais caras
nem caridade
não quero sua pena
nem que não valha a pena
esperar até a idade
que minha cara volte
e fuja daquela cidade

não quero caridade
quero um pouco de amor
e pitada de amizade
pois, veja bem, minha cara

eu estou aqui
livre pra ti
num aluguel barato
numa mesa sem pratos
num amor caro
raro
não quero caridade
quero rancor pela metade
e romance por inteiro
quero agora
o seu valor primeiro

não quero caridade
minha cara
é você
a metade,
cara.

terça-feira, 12 de março de 2013

Por onde?

quando me vejo assim, ansiosa
meu corpo treme
pedindo samba
bambolê me encanta
e gira, junto com meus pensamentos
ah, eu fico atenta
a todos os movimentos
a todos os sons do telefone
mas ele nem se toca
e eu nem ligo
eu ouço Ben Jor sem parar
eu fuço suas fotos
e logo nasce um sorriso
quase escondido, ele vem
naquele breve momento de planos
ele vem me cobrando
cadê o motivo?
cadê o menino?
ah, você vai ver..
até eu quero saber
por onde corres
por onde voas
por onde anda você?

Labirinto

nos labirintos do nosso abraço
eu me encaixo, enfim
mas não é porque me achei em você
que por algum atalho
vou me perder de mim

Tudo ou nada

Sou tudo
E nunca serei nada
Posso não querer nada
Mas faço parte do mundo
Logo, sou tudo,
e mais um pouco
Do pouco que tenho,
quero mais na madrugada
Momento que eu decido
Se sou tudo ou nada

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Só lhe dão

soluço de choro
se prende nas horas
sorriso de longe
se perdem agora
sombria me invade
escuro na cama
solitude se deita
se exibe profana
sozinha me exibo
para o reflexo do espelho
sóbria me encaro
deslumbre de um raro
sentimento de freio
eu paro
e me preparo para um golpe certeiro
me rasga em peçados
me acerta em cheio
vazio contido
preenchendo meu peito

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Quero ver o mar

feminina
onda de pensamento
determina
o começo do nosso momento
maresia
em outra versão te alcançou
enxágue
já que os olhos, já que o coração secou
me seca
depois de me molhar na chuva
encharca-me
com uma tsunami de alegria
navegarei em ti
quem dera
deter essa tempestade
tandera
os olhos ardem de saudade
ah, quem  espera
a maré baixar de mansinho
e como quem não quer nada
diz que quer tudo
e mais um pouquinho
praia, sol, salga o suor
afago  marítimo
que com esse rítimo
vai se apaixonar
ah, eu quero ver o mar...

Rio de Ella, mar de nós

Ella canta Cry me a river
como se o meu mar de saudade
 não transbordasse tanto quanto
 esse seu rio de lágrimas

 Querida, o rio corre e aqui,
 logo me ocorre uma sensação de maresia,
 boiando nas ondas sonoras
 que você teve a coragem de me gravar
 me marcar assim, tão mar

 Ar de querer-me sem fim,  e justo por mim,
 que marinheira de mil e umas viagens,
e mesmo sem bote, asseguro um drama sem fim

 Romance este que aceitei sem porto
conforto do céu que desafina em gotas,
transforma em água que toca a terra.

 Rio de Ella e mar de si
 lá menor, aqui maior, enfim
 Há de amar o mar de ti.

Cheia


meu coração vazio
de luz clareia
a fome de preencher
com um jeito manso de brilhar
o formato de lua cheia

um mar de mel se abriu
é tão doce mas não me enjoa\
de ficar nadando ao léo
com tudo, contigo e à toa


de todas as fases da lua, eu prefiro a lua cheia
cansei de ser vazio, te quero por inteira
se crescente for, então espero ansioso
quando cheia ficar, eu te ligo de novo

nesse ciclo eu fico, esperando uma luz
no túneo, sem rumo eu peço um pouco mais de visão
pra botar o pé na estrada, não pensar mais em vida alheia
já que sou cheia de vida, vou esperar a lua cheia

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Dor elegante

pra sanar essa dor
é preciso te calar com minhas vitórias
é preciso fazer mais
do que apenas contar as horas
pra sanar o teu romance
com a tal da outra
é preciso cantar mais alto
do que essa meia canção de voz rouca
é preciso ser mais louca
pra vingar meus desejos
é preciso humildade
de evoluir e ser a outra
sem perder a vaidade
é preciso ser mais de verdade
pra eu me tornar feliz
felizmente tenho que estar longe
refazer meus poemas incrédulos
e me tornar não tão mutante
é preciso ser estável
mas imprestável por um instante
voltar de outra cidade
me sentir à vontade
por te embalar e expor na estante
é preciso ser elegante

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Domínio

minha natureza é dominar,
 está em mim
e crente que isso nunca ia mudar,
 me desfiz
quando não sou quem realmente sou, apenas repouso
minha fera está adormecida
pobre bandida
que me bania quando eu merecia
que me guiava por atalhos perigosos
e hoje em dia, nem me visita
gloriosa e dominante natureza de comando
está pálida
está sem artifício
está submissa
mas, cuidado ao brincar por perto
uma hora ela desperta
e o tiro será certo
o alvo, este hoje que hiberta
e diz que dorme nas cavernas
será o meu maior sobresalto
natureza de comando
a própria se desnaturou de mim
por onde andas?
que não andas por aqui?



Sal

distante das minhas fantasias
de te ter por mais alguns minutos
diz tanto sobre a maresia
que me toma conta aos prantos
mar de água salgada
que conforta meus olhos
e nadam em nada além de ti

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Vidália

há quem diga que eu possa ser um monstro
e ainda me fazer de vítima
mas como ser a bela e a fera
no mesmo instante,
num momento em que o que sou é apenas: vida


mostre-me as faces de moeda renascente
que me mostra verdes e carros num mesmo ambiente
que me sente de um jeito vívido
límpido, como diria ele
encandescente

sou uma bolha e noutras me estouro
viro bagunça de carnaval
viro um ninho sozinho no canal
estilo de viver é apenas ser
e quem mais será? na minha vida virará?
o homem que conserta as coisas em casa
o poeta que sussura versos
o músico que me encantava imerso
de amor e calor a transbordar

desisto
pois sozinha sou mais
sou forte e me faço capaz
de ser apenas vida e viver 
ainda que solo
sendo mais sagaz

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Há de haver

música de amor faz-te poça d'água
um mar de rosas vermelhas
assim como a cor do meu batom
no seu pescoço
ainda lembro
Marisa mandou avisar que Norah virá
há de ficar
mas se não ficar, ainda tenho as canções
as preferidas nacionais, Lee
Ritinha que encanta
Copacabana boy me fez chorar
mas quem nunca passou, lá irá de passar
nas férias, com Holiday, Billi
uma temporada
pegando umas ondas
sonoras de amor
há de escutar

Xilofone

Gostaria de saber mais de ti
Quem foi que te projetou
Quem te deu suas aptidões
Quem te bateu
Te tocar e te descobrir
Sonorizar
Agudo, infanto
Micro
Fone
Xilo

Flamboyant

um divertido ciclo começa
numa batida leve e feminina
com mágoas e força
com suavidade e graça
com saias rodadas e mãos dadas
eu me recupero sendo feliz
e é a minha única fome
minha únida sede
minha única playlist
suave
nave
pousando e ficando densa
como Flamboyant
como aquela queta
mina
de ouro
a batida vai ficando forte
mas eu nem ligo
eu danço
e tiro encanto dos que um dia me arrancaram o canto
hoje eu manjo
hoje eu me chamo
e atendo
hoje eu me entendo

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Floriano bastardo

O desbravamento da Avenida Rendeiras
O anúncio no The New York Times
Saudade da paeja do Capitão
e as tardes de sinuca no bar do Cais
Floriano era um Hilter catarinense
e esse nome agora eu desgosto
Nem tudo são flores
Mas garanto
 a beleza dos cantos da Ilha
Magia que expõe a naturalidade
de nos servir com orgulho que contagia
supre qualquer bastardo mal amado
E qualquer sonho de vida
Ah essa magia...

Revival blues

I'm living on a roller coaster 
and i dont know if I want to stop
I thought it would stay down for longer 
 but my mind flew by yourself

 so I could have fun with the gravity
 my feelings are shaking on the dance floor
and stay strong as a rock
waiting my new boyfriend nhoc on door

oh baby, now i listen to Stevie Wonder and dont even remember your name
im singing like a Billie Holiday and you even act like a man

Oh sugar, you really put me up singing to me in your show
but now i kiss my shoulder, my scar is over, my name is The fuck reveng that you one day you puts down









Devaneio

O vizinho às 7 me acordava com marteladas
Então parei, fumei, sentei na varanda, próximo ao canal da Barra
Condomínio costa leste, há quem um dia viesse..
Os pássaroa cantaram
Na rádio tocou Here comes the sun
Os beatles me entenderiam

Futura

ah, eu vou
agora mais do que nunca dizer 's'im
ah, estou estou
recuperada daquele dramático fim
é, e nessas chorei
mas agora amor, é só sorriso
por não estar só
por estar agora só contigo
e a gente cái na bossa
e a gente sente saudade
e canta em fracês
e sabe se amar melhor
do que outros a dois se amaram
altruísmo, meu bem
a gente sabe combinar sem ter segredos
a gente sente que pra se sentir
nãoé preciso ter medo
você me salvou amor
salve salve minha nova futura dor

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Labirinto

nas laterais desse latifúndio
nos encontros desse labirinto de gente
surpreendentemente a gente se acha
nas estradas, nas beiradas,
a gente come antes de esfriar
pra ter mais gosto
no prazer da dor de queimar
há de sarar
daquele dia doce
que mesmo depois de tanta acidez
eu mesma achei que fosse
o início
o término do solo
e o que vem depois?
eu chutei pro gol
a resposta: a dois
e junto com o par veio o bando
e por esses cantos se cruzou
a vida de todos em um só atalho
azar do amor
sorte no baralho
e no fim tudo voltou ao começo
e por bem lembrar-te, não esqueço
o labirinto é confuso mas tem uma saída
quando chegar a gente se vê
ou talvez você me liga
pode ser?

Pseudônimo

Valentina
Valente
Valiosa
Vale tudo

Linguagem dos pés

é lindo o jeito como você fala com os pés
que enrroscam nos meus e se encaixam
eles me dizem que sou sua mulher
pra vida toda ou só naquele domingo

é tão bonito te ver por pixels
compondo suas viagens em escritos
seu timbre quase alcança uma nota imperial
 e lá no céu ela se solta

revela sua vontade de quer amar sem dó
desembaraça nos seus olhos
atrás das lentes dos óculos que eram da sua vó
o brilho quase fosco de um sufoco que já passou

é tão discreto meu jeito de saber
que de qualquer forma e qualquer furo
eu ainda assim vou te escrever
uma música mal feita
ou aqueles meus poemas clichês
que você já diz que gostou
e que eu sou inspiradora
antes mesmo de terminar de ler

nosso jeito bobo de se desajeitar
nossa fisionomia esquisita de combinar
quem diria que agora, a essa hora eu aqui estaria
sofrendo de insônia e assistindo a tevê no mudo
4 horas da manha e eu aqui solo no ninho
na utopia de encontrar qualquer resposta num gole a mais de vinho

Há tempo

realmente eu tentei evitar
aquele ato
que constantemente tenho 
de querer amar
fiquei fora de mim
e quase em ti entrei
a onda bateu forte nas pedras
e de tanto bater, conseguiu
sensatez
ainda é cedo, amor
mas sei que um minuto vale ouro
outro romance eu recusaria
mas te olhando assim de canto dá sede
uma vontade de não me render a mais nenhum encanto
por isso naturalmente espero
ansiosamente enxergo
o esforço de segurar o pranto
só de pensar em esquecer
alegria faz-se espanto
a onda vai
outra onda vem
e quando penso que nessa posso nadar
e outro alguém pode me salvar
nada mais convém
condiz com o que solitude expressa
não há tic nem tac que te faça ir mais depressa
assim invento um tempo só meu
autonomia de viver
relógio adiantado
que precisou do meu afago pra mostrar-se inteiramente teu

Luz

Um frio totalmente calculista,
eu sinto entrar pelos meus póros
Me deixa a merce de um navio sem rumo
E nem todo o fumo que existe nessa carteira
me fará amenizar

Imagine você uma vida sem raios solares
sem partidas e novos lares
Seria tão só ser só um ser
A medida incerta de viver apenas para crescer

Tudo agora parece ser assim, sem sentido
e mesmo meu amor estando ressentido
e eu não sabendo o motivo, ainda o sinto

Distante, relutante, suave e permanente
até quando? eu não sei
E nem queria saber
A vida tem dessas, de fazer o que bem entende
e quando me pego por gente
entendo que o relógio é só um artifício
que calcula o que não pode ser calculado
e a medida que me vejo longe eu penso:
talvez não fosse mesmo para estar ao seu lado
e calo.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Novela

Me deixa ser a outra que te mostra a sorte/
ao invés de ter a forte impressao de não te ter
Te deixo ir embora/ mas prometo abrir a porta da manhã ao entardecer
Conforta meus pés descalços/ que agora no asfalto eles querem se entreter
Condiz com a minha falta de compasso/mas cada um tem o seu passo
o meu é seguir você

Amor eu não te imploro pois acredito que isso seria imoral
mas mais amor eu não me importo de ter mesmo que transborde alegria em meu quintal

Meu bem já sei um rumo para todo meu ciúme que eu sinto ao não te ver
Jogar pela janela qualquer tipo novela que se passa tevê.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Nunca ninguém

Não há ninguém nesse mundo que possa ter a sua suave sagacidade. Seu jeito de chegar e encantar, seja quem fosse. Um estilo sensual e irônico de envolver as pessoas. Muitas coisas erradas foram feitas, com seu conhecimento, mas as coisas boas suprem todas os artifícios.  2920 dias vivendo ao teu lado, pude ter a certeza de que pro resto da minha vida nunca haverá alguém que se compare a você para minha vida, não há outros humores, outros abraços, outro "sim" tão sincero, outras aventuras, outras desventuras, não haverá outro porto tão seguro. Ninguém nesse mundo vai poder saber nossos segredos, eles foram junto contigo, ninguém mais saberá o quanto lutamos, passamos por dificuldades e dias de luxo, nadamos no lixo e sobrevivemos rindo. Nadamos na praia de madrugada sob efeito tóxico, passamos noites a fio jogando sinuca, conhecemos pessoas de outros países, subimos em morros de favelas desconhecidas e fomos adoráveis. Andamos por horas à beira-mar, deixamos nossa antiga cidade, nossos antigos amores, esquecemos do mundo e por um instante nós fomos nosso próprio mundo. Casamos, separamos, nos juntamos, casamos de novo e por fim, eu, viúva de ti. Tenho a certeza de que teu último ano de vida ao meu lado foi um presente pra mim, foi uma despedida prolongada, foi a tua vitória antes de deixar esse mundo carnal. Nunca ninguém realmente vai saber como foi ficar sem teto por vezes e conseguir ajuda de onde menos esperávamos. Nunca ninguém vai saber os dias que não tínhamos dinheiro para comer e no final do dia já estávamos embarcando em algum barco pra um passeio de luxo; a nossa sorte era nosso combustível. Nunca ninguém vai realmente saber cada minuto que chorei por você não estar mais aqui, na nossa casa, no nosso ninho, nosso cantinho de planos e sonhos. Eu sei que você está aqui em espírito e sempre estará, mas me dói não ter mais teu corpo pra abraçar. Aquela cama de hospital é tão demodê, tão não você. Tua vida no céu é digna da sua personalidade de um Deus. Prometo não esquecer um dia sequer. Prometo que nunca ninguém vai ter esse lugar imenso que ocupa o meu coração e é só seu. Te amo demais, Rafauel.

Dê mente


Ansiando resposta
Procurando perguntas
Pesquisando números
Panos imundos
Sujeira humana
Cabeça corrompida
Intriga por espaço
Bala de aço
Balasso

Ex amor


Há quem diga que o amor não exige de nós mesmo, pois há também quem diga que amor é relativamente igual à lei de talião: "Olho por olho, dente por dente", sabe-se que essa lei que vigorou 1780 a.C. ainda reina, parcialmente. Na mente dos frios, no aterro dos quentes, na média dos medianos - sempre neutros.

O que me faz entrigar, na realidade, é não saber como o amor é visto pelo meu amado. Digo, como é vivido, interpretado. Sinto que não sinto inteiramente essa troca. Sinto que é troco. É pouco.

Eu me decoro, imploro, invento o tempo, reinvento um compasso de nós para desatarmos, e..-nada. Nada acontece. É tão novo, porém parece tão pré-histórico. Eu e o meu homem das cavernas. Sem energia. Sem sinergia.

Além de descobrir quem é o responsável pelos meus segundos milenares, eu tenho de descobrir quem é o ladrão dos meus sonhos. Preciso aplicar a lei da babilônia: enquanto vítima e agressor ocupassem o mesmo status na sociedade, enquanto castigos fossem menos proporcionais de litígios entre os estratos sociais: como blasfêmia ou laesa maiestatis ( contra um deus, monarca, ainda hoje, em certas sociedades), crimes contra um bem social foram sistematicamente punidos como pior.

Cais


To levando um choque térmico
esperando uma reação
sem ser quimica ou artes
da póvora fez-se explosão

Volta pro meu cais e me tira essa âncora
ondas descontroladas
armadilhas montadas
tropa sem estrelas nem beiras
céu sem sereno e sem sereias

Velhos ditados deletam
toda a palavra concreta
todo o conjunto de falhas
todos os sinos e setas
sem arco nem flecha
sem mito e meta

Não é preciso mais que dois copos
basta o um olhar de lado
um termo calado
coração com furo, coração escuro
Balanço sem jeito meio encostado

Térmico choque me esquece e se toque
me suga e aumenta
adormece e tormenta
anestesia e desgasta
do calor pro quente, a primavera basta

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ser só

Soltar o verão das mãos
Deixar voar 
Como o amanhã voa de encontro a nós
Deixar que a ansiedade nos deixe a sós
Estar só sem ser só um ser
Voando ao encontro do outono
Que mesmo sendo frio, habita em você
Só ser

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Mar de nós

Ella canta Cry me a river como se o meu mar de saudade não transbordasse tanto quanto esse seu rio de lágrimas. Querida, o rio corre e aqui, logo me ocorre uma sensação de maresia, boiando nas ondas sonoras que você teve a coragem de me gravar, me marcar assim, tão mar. Ar de querer-me sem fim, e justo por mim, que marinheira de mil e umas viagens, e mesmo sem bote, asseguro um drama sem fim. Romance este que aceitei sem porto, conforto do céu que desafina em gotas, transforma em água que toca a terra. Rio de Ella e mar de si, lá menor, aqui maior, enfim. Há de amar o mar de ti.

Ciúme

"a reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade"[

Sei que não tem mistério, amor
mas eu mesma me tiro do sério

Vi borboletas, amor
saltitando lindamente aqui no meu estômago

Eu sei da sorte, meu bem
de ser tua até o sol se pôr

E eu sei me pôr também
nesses braços feitos pra serem meu abrigo

Senti um perigo também
ao pisar nessa cidade

Cansei de ser mais uma sozinha em meio ao mundo
mas juro, não quero amor por caridade

Te quero por inteiro e um pouco mais do que isso, se possível
da minha vida junto a tua, além da maresia

Quero te ter além do sol, por um instante,
na minha estante, unidos pela individualidade

Um artigo de luxo na minha vida
que andava assim, tão sem vontade

Assumo o ciúme então, transparece minha áurea
azul marinho, que por onde voa, intimida a gravidade





terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Receita

eu fico sonsa
mas com sal
pitadas de suavidade
junto com a gravidade
sem ser insossa
te misturando na receita
raridade
que quase feita de veludo
de tão macia
a carne sacia
e o espírito levita
segredo de família
receitei confiar, e aqui está
sala de jantar
tomei coragem, cantei o menu
e mandei servir-te
sal a gosto, a me gostar
sob à mesa, sob o solo, sob o luar
sobremesa de vingar
paixão com gosto de tempero
e de tanto te querer por inteiro
te engoli
e cá estás
minha boca a ensaiar
teu sabor a me sentir

O nosso

O nosso som é dueto
O nosso tom é sem medo
O nosso embalo é sem jeito
O nosso colo é aperto
O nosso futuro é perfeito
O nosso amor é enredo

Ainda nado

Agora é tão perdido
uma bala em meio ao escuro
Um beco com saída
para uma despedida
uma viagem sem destino
um romance com futuro

Agora que eu te achei, amor
e hora fez-se minutos
o tempo passa estralando o chão
dando uma noção
teoricamente sonora
das batidas do meu coração
E agora?

A hora que te pego
olhando pra mim
e me vejo no reflexo
das retinas complexas
cheias de atalhos
que quase me engasgo
nesse mar tão salgado
lágrimas de afago
ainda nado

Mas nada me tira desse barco
não quero mais abortos nem bordados
o bar da esquina virou lar
de cigarro em cigarro sobrevivo
me devorando entre os tragos
ainda te trago
ainda te pago
por ter me tirado dessa monotonia
e ter me puxado pra essa tempestade
ainda nado


Em frente

Amor, eu errei
quando disse que seria só
somente sua, então
acertei

Meu bem, você disse que sim
viveria a noite
como foi ontem
pra sempre e enfrente
em mim


O quê?

O que é, o que é..

te faz querer e temer
gritar e tremer
sentir e doer
mas dar cor e
uma leve impressão de
que pra sempre vai viver?

Você

Tantos

Tantos anos
tantas vidas
tandas idas
algumas não vindas

Tantos sonhos
e mais realidades
tantos contos
pra tão pouca idade

Tantos beijos e abraços
Tantas festas
quantas ressacas
quantos embaraços

Tanto a dizer
e tão pouco dito
tanto a ser sublime
só por ser tão sentido

Tão abrigo
Tão delicado
mas intenso
tão complicado
por ser simples, assim julgado
tantos milagres
e mais ainda, tantos pecados

Tanto que te quero
que nunca te engano
tanto quanto mulher
tanto quanto irmã
tanta verdade e tantos planos
quantos tantos
só pra dizer que tanto te amo

Depois da ponte

Flutuante
num mar de travesseiro
nasceu assim
sem partos
nosso aconchego

Com a partida eu vi
sem ti um segundo
e pela primeira vez
senti
dor de dar adeus
dor de ir

Dó de ficar assim
do outro lado daquela ponte
magnífica
estruturada e que implica
uma cobertura de céu
e forrada por mar
 tão pacífica

Sem paz fiquei
mas isso faz parte também
de sentir o sal
a idade
o doce
a saudade
sentir-se em ti
mesmo de longe
a sonoridade
desatar os nós
de perto, alma a alma
sermos nós

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Ví glória

Vitória de vencer
aquela notícia fatídica
Ví a glória em não ser
o protagonista

Voltei pro vento sul
e imagíne a delícia
De vencer a fera
e nem mesmo estar ferida

Eu ví a vida
e ví junto a vitória
Denominada como
"aquela que vence"

Eu vencí o medo
de  ser assim, tão de vidro
Eu ví a glória
em colar os cacos não do corpo
e sim, do espírito


Segredo

dos tantos revelados a ti
eu esperava mais
segredos impetuosos
diagnósticos, religiosos
nada além do lógico
eu esperava te ver mais perto
de um modo invisível
dentro de mim
da mente
que desmente tua armadura
e mesmo que essa doença
fosse assim, sem cura
nós iríamos lutar
e de alguma forma meu amor
mesmo que dilacerado
iria te curar
hoje o mais se tornou médio
nem menos pra não nos minimizar
porque já não há um adeus concreto
o segredo fez-se então teu remédio

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Cantei

Eu ia escrever um poema só pra ti
Mas parei quando te ví
E cantei
Palavra se tornou onda
Sonoridade suave
Nada grave
Afinando-nos nos teclados
Sopranos e afiados
Assoprando meus falsetes
Que nada falsos cantei-te
Num conserto ou orquestra
Melodia que toca de dia
E invade à noite que te deitei
Então parei de escrever
E cantei




terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Semelhança

Depois de usar várias palavras repetidas, profundamente sentidas, algumas mortas, outras ainda muito vívidas, eu pude perceber que sim, eu posso te marcar com a minha escrita. Ela, no momento, está sendo quase que uma viagem ao México, uma viagem de um tóxico, uma caminhada a la havaianas. Um desabafo da minha alma um pouco caçoada, adormecida por acontecimentos dramáticos e de uma forma tão mutantes. Tudo está se transformando como um lixo se degradando no chão da praça. A palavra é de graça, mas o valor é impagável. Uma despedida eterna te faz querer aproveitar tudo mais intensamente. Apertar um botão, um novo corte de cabelo, uma paixão confusa, um abraço em algum melhor amigo distante. Agora é tudo tão perto, tão raro e extinto que chega a ser constante. É como avistar um jaguar em meio avenida João Colin. É como querer ter uma horta e revitalizar um jardim. Beijar a flor, ter dois filhos, todos esses gestos e micro ilusões de sensações igualam-se a semelhança do momento em que te tive de algum modo junto a mim.

Sem fim

enfim, no fim tu serás infinito
entre os seres e sereias, barcos e baleias
nas noites a dentro
nossas vidas serão inteiras
enfim, infinito
conseguistes tua elevação espiritual
e acredite, amor,
mesmo com todos os pesares
nunca fostes carnal
enfim, o nosso fim foi bonito
dentre tantas distâncias calculadas
e segredos aqui não ditos
tu serás, enfim, infinito

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

meu coração vazio
de luz clareia
a fome de preencher
um jeito manso de brilhar
o formato de lua cheia

domingo, 27 de janeiro de 2013

Versinho de dormir

a vontade é o impulso da carne
ver-te ai só é só estar
antes mesmo de ir já sentir saudade
e só.

Furta cor


de novo aquela cor
que furta forte o brilho que vem
na velocidade do som
na foto, na grafia, na imagem
que tanto te imaginei
de longe, de perto, te esperei
esperto seria o tempo
de estrapolar,
esperto serias tu
ao correr e se afogar
em mim
nas trilhas do meu corpo
na saliva, no mar
há de estar
límpido céu a fotografar
teu corpo invadindo meu espaço
como num acorde e compasso
a física mandou duvidar

sábado, 26 de janeiro de 2013

Turnê

meu medo de te amar é grande
maior que as notas que me tocas
a sintonia entre músicos assusta
e mesmo assim tu nem te importas

é certo que a inspiração vai além
as paredes no estúdio bem sabem
que depois da saudade
a vontade de te encantar faz-me bem

não vai pra turnê dessa vez, amor
fica aqui até mês que vem
as tietes, os fãs, se entrometem
eu ativo minhas antenas
pra assistir até mesmo o que não me convém

eu já fiz até bossa desiludida
meu timbre chorou caetano com uma nota arrependida
em que banda eu fui me meter, céus?
eu devia ter continuado minha carreira solo
chorando no chão da cozinha eu lembro
que estás no palco de outro pólo

eu sei que coração de músico é bandido
e o corpo corresponde aos sentidos
eu sei que o instinto de emoção te põem à tona
e ainda assim fui atrás, pedi carona
te esperei após o show
pra que o mérito de inspiração fosse para mim
já não me importa mais se eu me perdi nessa onda sonora
pois bem posso te achar nos atalhos do camarim

A coisa mais linda que ganhei.


Venerar-te é fazer com que o dia não rode, não
o mundo inteiro para para ver se você desse no próximo ponto
E eu não sei chegar nos bairros de floriano
Pó de liz, paris, parir a facilidade
e outros lugares, sujar de giz as mãos
e entrelaçar os dedos, 
Sair à rua de noite
mostrar para quem vê
Que ver não muda nada
Nadar é só nas lágrimas,
que os olhos já lavados,
verão que um dia longo
de verão é pra cantar
Na madrugada.
Vem que hoje o que eu quero é amar
A maré é de fazer à luz da lua
Mesmo se o teu pai não lhe pagar
Chamar-te é rimar quase todo o momento
E eu nem reclamo
O mundo inteiro para para ver você desse do império
E eu não sei chegar nos bairros de floriano
Pó de giz, londres, longe é diversidade
em outros lugares, sujar de anis as mãos
e entrelaçar os lábios,
Surgir de um beijo à luz da rua
Nadar é só idéia
que os olhos já focados
verão que um dia longo
Matará de cansaço
Mas é pra cantar na madrugada.